Ação do Homem no ambiente aquático
Em todos os ambientes aquáticos (mares, rios, lagos, etc.) vivem vários
tipos de organismos que dependem uns dos outros, e também das
condições do ambiente como luz, temperatura e nutrientes. Em
ambientes naturais, estes organismos vivem em equilíbrio. No
entanto, a ação do homem pode afetar estes ambientes,
desequilibrando-os com o despejo de esgotos, substâncias tóxicas,
petróleo, detergentes etc.
OS MICRORGANISMOS E A BIORREMEDIAÇÃO
A biorremediação se refere ao uso dos microrganismos para
desintoxicar e degradar os poluentes no ambiente. O derramamento
de petróleo, por exemplo, é um desastre ecológico dramático.
Assim, estudos vêm sendo desenvolvidos com as bactérias para
que as mesmas possam degradar diferentes tipos de produtos
fabricados e introduzidos no ambiente pelo ser humano.
OS MICRORGANISMOS E A EUTROFIZAÇÃO
A eutrofização refere-se ao acúmulo de nutrientes na água. Este
processo causa o desequilíbrio ecológico, e mata numerosos
organismos através de uma seqüência de acontecimentos. Esta
seqüência é: proliferação e morte das algas, proliferação
das bactérias aeróbias, queda na taxa de oxigênio da água,
morte dos organismos aeróbios, decomposição anaeróbia e produção
de gases tóxicos. Veja como isso acontece:
A matéria orgânica dos esgotos (como papéis, fezes, restos de comida)
despejada na água alimenta as bactérias decompositoras aeróbias.
Quanto maior for a quantidade de matéria orgânica, maior será
a quantidade dos organismos decompositores e, portanto, maior a
quantidade de oxigênio consumido. Veja só como as bactérias
aeróbias fazem isso:
Matéria orgânica + oxigênio --> CO
2 (gás
carbônico) + H
2O (água)
Para usar a matéria orgânica, as bactérias precisam de oxigênio;
em seguida, elas liberam no meio compostos inorgânicos simples,
que são o gás carbônico e a água.
Quando o oxigênio desaparece da água, morrem todos os seres vivos que
dependem dele, inclusive as bactérias aeróbias. Quando isto
acontece, restam apenas aquelas que não precisam do oxigênio
para sobreviver: as bactérias anaeróbias. Elas consomem a matéria
orgânica da seguinte maneira:
Matéria orgânica (sem oxigênio) --> subprodutos orgânicos
(Ex: ácido acético)
Assim, seja qual for o metabolismo - aeróbio
ou anaeróbio - das bactérias e também dos fungos, o processo
de degradação da matéria orgânica contribui para a reciclagem
da matéria na natureza.
Na última edição da revista Science,
foi publicado um trabalho que re-estimou a liberação de metano dos
ambientes aquáticos continentais (lagoas, lagos, rios e áreas
alagadas). É bem estabelecido na literatura que os ambientes terrestres
funcionam como sumidouros de gases estufa, isto é, eles absorvem esses
gases da atmosfera. Entretanto, os ambientes aquáticos continentais
funcionam como interseção entre a atmosfera e o ambiente terrestre,
visto que matéria orgânica produzida no ambiente terrestre, na maioria
das vezes, encontra um ambiente aquático onde é decomposta. Esta
decomposição emite gases e, dependendo das condições, gases com
potencial estufa maior que o CO2 (por exemplo, metano e óxido nitroso).
Uma das lagoas avaliadas pelo trabalho
Modelos levam em conta o quanto o ambiente terrestre pode absorver
de gases estufa da atmosfera, mas não estavam dando o peso certo para a
contribuição dos ambientes aquáticos continentais no balanço de
emissões. Este estudo mediu a emissão de metano em mais de 500
ambientes deste tipo pelo mundo, além de fazer medidas mais completa.
Fato este não realizado antes devido a dificuldade de medir fluxos de
metano diários em ambientes com características peculiares que
dificultam o trabalho.
Com isso, os pesquisadores concluíram que as emissões de metano dos
ambientes aquáticos podem chegar a 0,65 Pg C (CO2 equivalentes) por ano
(a unidade Pg é
1015g, lembrando que
106g
é 1 tonelada). Contabilizando esse fluxo de metano em modelos recentes,
a contribuição de sequestro de carbono por ambiente terrestre pode ser
25% menor. Isto é, essa emissão representa tem a capacidade de
contrabalancear 25% do que as florestas sequestram por ano.
Pro fim, parte desse trabalho foi realizado pela equipe do
laboratório onde fiz meu mestrado. E tive contato com alguns dos
autores. O que sempre foi muito bom. O primeiro autor é um sueco muito
legal, sempre responde suas perguntas, por mais idiotas que elas possam
ser.
Referência: